O Cenário Musical Underground no Brasil: Entre o Capitalismo Cultural e as Novas Tecnologias
COLUNISTA: James Silva
Gestor Público e Músico
MBA em Economia
Especialista em Ciência Política
O atual cenário musical underground no Brasil é um reflexo da complexa relação entre arte, cultura e economia. Por um lado, as novas tecnologias têm democratizado o acesso à música e permitido que artistas independentes alcancem um público mais amplo. Por outro, o capital que invade todo o âmbito cultural tem imposto barreiras significativas para os músicos que não possuem espaço nos canais mainstream.
Dessa forma, o realismo capitalista, exposto por autores como Mark Fisher, invade a esfera cultural e tem transformado a música em uma commodity, sujeita às leis do mercado e da concorrência. Isso significa que os artistas precisam se adaptar às demandas do mercado e produzir obras musicais que sejam comercialmente viáveis. Nesse contexto, os músicos enfrentam dificuldades para se viabilizarem financeiramente, pois não tem acesso aos mesmos recursos e oportunidades que os artistas mainstream.
As novas tecnologias têm sido uma alternativa aos músicos que atuam no underground. Plataformas de streaming das mais diversas permitem que os artistas alcancem um público global sem a necessidade de uma gravadora tradicional. Além disso, as redes sociais permitem que os músicos se conectem diretamente com seus fãs e promovam sua música de forma autônoma. Entretanto, as novas tecnologias também apresentam desafios significativos. A quantidade de música disponível online é enorme e os artistas precisam competir com milhões de outros artistas e bandas, inclusive nomes já consagrados, por atenção. Além disso, a monetização da música é um desafio, pois os algoritmos privilegiam quem paga mais por divulgação e os músicos precisam lidar com questões de direitos autorais e pagamento de royalties que definitivamente não os contemplam como deveriam.
Em face de todos os desafios apresentados, o cenário musical underground no Brasil é vibrante e diversificado. Os artistas estão encontrando maneiras criativas de apresentar trabalhos relevantes e promover sua música, seja através de shows ao vivo, merchandising ou crowdfunding. Portanto, é fundamental que os músicos que atuam no underground tenham acesso a recursos e oportunidades que lhes permitam desenvolver suas carreiras de forma sustentável. Isso pode incluir programas de apoio à música independente, leis de direitos autorais mais justas e iniciativas de promoção da música local.
O cenário musical independente no Brasil é um reflexo de uma relação complexa entre arte, cultura e economia. Embora as novas tecnologias tenham democratizado o acesso à música, o capitalismo cultural impõe barreiras significativas para os músicos que não possuem espaço nos canais mainstream. Porém, com a criatividade e talento dos artistas brasileiros, determinação e apoio, os músicos que atuam à margem da indústria cultural podem continuar a produzir uma arte inovadora e relevante para o público em todas as regiões do Brasil.
