Roy Hamilton, o dono da voz que Elvis Presley roubou
Se você ouvir alguma canção do cantor estadunidense Roy Hamilton, provavelmente pensará se tratar de Elvis Presley; essa confusão não terá nada a ver com seu conhecimento sobre música. Mesmo sendo um fã do interprete de “Jailhouse Rock”, e conhecendo sua biografia, o erro ainda continua sendo aceitável, graças à diversos fatores que vamos abordar rapidamente nesse artigo.
Assistindo a vários documentários, filmes, lendo artigos, livros e reportagens, a certa altura, percebe-se que Elvis foi na verdade uma esponja, sugando tudo o que era possível dos verdadeiros artistas da época, do rock n roll, do blues, do country e do gospel. Antes da internet, era comum ainda ouvir as pessoas dizendo a respeito de Presley, coisas do tipo: “o criador do rock”, “o rei do rock”, “o pioneiro do rock”, etc. Hoje em dia, com a facilidade e proliferação da informação, fazer essas afirmações é motivo de chacota perante o público.
Que o rock n roll já existia antes dele, todos nós já sabemos. Aquela dança que ele popularizou (e foi inicialmente censurada na tv), também. Mas o que bastante gente não sabe, é que o seu timbre de voz, juntamente com sua forma de cantar, que atualmente virou até um clichê, mais especificamente, as notas graves e o vibrato, não são suas invenções e, da mesma forma que as outras características, elas foram surrupiadas de outro artista, conhecido como Roy Hamilton.
O cantor gospel, que logo depois entrou para o mundo musical “secular” (para pagar as contas), lançou seu primeiro trabalho comercial, pela Epic Records, em 1954, no mesmo ano em que Elvis gravou sua primeira canção em homenagem a sua mãe. Ouvindo “That’s All Right Mama”, há apenas alguém cantando uma música country. Nada daquilo que, logo depois, se tornou a marca registrada de Presley, quanto a sua performance vocal.
Há quase nada na internet abordando esse caso, envolvendo o fato de Elvis Presley ter copiado as técnicas vocais de Hamilton. Tudo o que há, vem de um trecho do documentário da BBC, intitulado: “Elvis: The Rebirth Of The King – 2017”. Eu por exemplo, só fiquei sabendo disso após o cantor e ator estadunidense Ice-T postar no seu Instagram, uma cena desse mesmo documentário. Todos os outros poucos vídeos presentes nas plataformas de vídeo online também são reacts, oriundos do mesmo doc.
Os fatores que fizeram com que Roy Hamilton fosse apagado da história, são aquilo que os pesquisadores e ativistas políticos já estão acostumados a ver: Elvis Presley foi uma tentativa bem sucedida do mercado fonográfico de tornar comercialmente viável a cultura musical afro estadunidense para o grande público dos EUA; ou seja, o público branco. Não seria possível naquela época ter um artista afro, mesmo com seus enormes e indiscutíveis talentos, que fosse rentável no âmbito capitalista, já que havia a segregação racial no país de forma legalizada. Imagine Elvis simbolicamente como uma espécie de cabide, onde foi pendurado em cima dele todas as habilidades dos cantores, instrumentistas e dançarinos “do gueto”.
Assim sendo, era necessário o segredo quanto as origens das suas técnicas artísticas, para não melindrar os fãs. Mas, como citado acima sobre a facilidade atual de se encontrar uma informação, as pessoas agora ficarão sabendo de mais uma coisa antes associada ao Elvis, que na realidade é de outra pessoa, e mais uma vez, de um artista afro descendente.