O rock morreu. Viva o rock. João Rock 2025 e as oportunidades

COLUNISTA: Rodrigo Lamore
Seguindo os mesmos passos do Rock in Rio, o festival João Rock 2025 terá muita coisa, mas quase nada de rock. A 22º edição do festival, que rola em junho, em Ribeirão Preto – SP, conta com um line-up de mais de 30 atrações em quatro palcos. As apresentações vão desde MPB, passando pelo samba, trap, alternativo, reggae e, contrariando o próprio nome do evento, com duas bandas apenas, de rock: Barão Vermelho e Planet Hemp; e se levarmos em consideração que essa segunda é uma mistura de rock com rap, então na verdade temos uma banda de rock e meia.
É claro que isso irá desencadear muitas discursões, críticas, lacres e afins nas redes sociais, gerando conteúdo, engajamento e likes para os jornalistas, pseudo jornalistas, influencers, usuários comuns, etc, como sempre acontece com relação ao Rock in Rio. Mas aqui vamos aproveitar para abordar algo diferente, principalmente voltado para os profissionais da área: músicos, produtores, redatores, etc.
Tá na hora das pessoas entenderem de uma vez por todas: o rock morreu! Não vai acontecer de novo tudo o que houve nas décadas anteriores. Já foi. Já deu. O rock foi embora junto com Chorão no Brasil, nos EUA com o new metal, na Argentina com Soda Stereo. ACABOU! (Maneskin também acabou antes de começar…) Mas como dizia na Idade Média: “O rei está morto. Viva o rei”. Por que esse medo de recomeçar e apostar no único movimento que ainda está vivo, pulsante, saudável, enérgico e próspero como é o Underground?
As pessoas, no geral, independente da profissão, costumam apenas pensar e sonhar sobre aquilo que gostariam que fossem a vida e o mundo, mas nunca dão o ponta pé inicial para se fazer manifestar, preferindo esperar que alguém primeiro o faça, para depois darem continuidade e se aproveitarem das glórias alheias. Foi assim durante todo o período em que o rock esteve no auge, começando nos anos 50, quando os empresários endinheirados lançaram seu produto Elvis Presley, beneficiando-se do movimento já existente nos bairros afro estadunidenses.
Se o rock mainstream morreu e somente sobrevive de artistas do passado que estão na ativa, por que a tristeza, sabendo que a cena underground está aquecida? Sabendo que nos dias atuais, o marketing trabalha com os recentes conceitos de “nicho” e “segmentação”, as bandas autorais de rock do cenário alternativo podem tranquila e facilmente progredir, desde que se coloque em prática um trabalho com essas características, focando no público alvo, que é obviamente menor, ao invés das massas, mas que irá resultar em ganhos diretos e certos para os artistas. Isso ainda não foi implementado oficialmente e intensamente, e quando ocorre não dura muito, pois falta motivação e porque vivemos num mundo capitalista. Mas será que não poderíamos inverter a lógica? Trocar as incertezas e negatividades por ações e “tentar pra vê no que dá”?