100 bandas de rock e o fim do jornalismo tradicional

 100 bandas de rock e o fim do jornalismo tradicional
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No dia 14 de julho de 2024, aconteceu no Rio de Janeiro, mais especificamente na rua Ceará, praça da Bandeira, o que muitos descrevem como o verdadeiro Rock In Rio. Um festival de rock, com nada menos que 100 bandas, se apresentando ao logo do dia, encerrando de madrugada, com grande presença de público, que em diversos momentos, era similar visualmente aos bloquinhos de carnaval carioca. Não há palavras suficientes para descrever o significado simbólico, econômico e artístico desse evento. Mas é claro que eu não poderia passar sem comentar uma asneira do jornalismo brasileiro, que está nitidamente em fase terminal.

 
trecho da noticia das 100 bandas
 

Em um dos anúncios sobre o festival, no site UOL, na coluna Splash, dedicada a divulgação de shows, o jornalista escreveu a seguinte nota: “Dia do Rock – mais de 100 bandas (não famosas) em 10 palcos armados ao longo da Rua Ceará (e adjacências) na Praça da Bandeira (Rio de Janeiro) “

 
jornal sensacionalista
 

Qual a necessidade em embutir numa frase as palavras “não famosas” e o que significa isso nessa nova era da internet onde qualquer pessoa, seja ela artista ou não, consegue razoavelmente viralizar diversos conteúdos? Pros ingênuos de plantão, isso pode ter sido apenas um deslize, ou desconhecimento, ou falha momentânea. Pra quem já atua a bastante tempo na área de marketing, administração de empresas ou até mesmo política, o que ocorreu aqui foi um discreto boicote a um acontecimento artístico/econômico independente e desgarrado das grandes produtoras e patrocinadoras e que, caso tenha (e teve) um resultado satisfatório, pode num futuro próximo começar a competir com os festivais já consolidados.

 
empresário ruim
 

Não tenho bola de cristal, mas possivelmente o que irá acontecer é o que acontece constantemente na informática desde os anos 90, sintetizado na frase: “contrate o hacker”. Os produtores poderão vir a ser contatados por outras produtoras e patrocinadores com um discurso de “apoio ao rock underground”, para no final usurpar o evento e se tornarem donos, e por fim, matá-lo, mantendo o status quo atual.

 

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